
O barulho já tentou descendência. Conseguiu. O barulho bébé, o avô barulho, e uma descendência incestuosa de irmãos sem identidade. Não se conhecem pelos nomes, não se conseguem ouvir. Não percebem linguagem gestual. O que são não lhes permite reconhecerem-se a si mesmos. Apenas se sabem de sangue quando o decibel o permite. O silêncio isola-se. Não se sente só nem aleija, antes percebe com pouco o que se entende por muito. (Pagaria sem dor um resgate ao silêncio.) Ninguém cobiça a sua forma, mas todos cobiçam os seus tesouros. Todos procuram acasalar com alguém da famíilia para assim herdarem a riqueza ,poucos percebem que o casamento é feito apenas com o silêncio e é daí que o que é puro descende. O silêncio não é invejoso dá espaço para se ser o que se é. O barulho tem falta de personalidade. Quer ser tudo ao mesmo tempo e nada é. No silêncio ordena-se uma vida. No barulho quase se sente. O silêncio retira o tapete e o embuste. O barulho consegue sempre o melhor embrulho. O silêncio retira o tapete para que se sinta o chão que precisa ver o sol. O barulho vem no embrulho e assim consegue ser de novo barulho ao desembrulhar. O silêncio compromete mas sustenta. O barulho
desresponsabiliza e é estéril em si mesmo, ocupa o vazio não deixando que sejemos nós a ocupa-lo. O silêncio veste-se de essencial. O barulho está sempre na moda, veste o que quer e o que não quer. O barulho não ouve o que o silêncio diz e pergunta-lhe constantemente:
- silêncio, como chegas onde eu não chego se sou eu mais do que tu?
O silêncio responde:
- O essencial é-se com pouco.
- silêncio, como chegas onde eu não chego se sou eu mais do que tu?
O silêncio responde:
- O essencial é-se com pouco.
Quando o silêncio nos envolve é fácil compreender o quão essencial é. Essencial e preponderante.
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