segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O reino da formiga

Imagine-se uma formiga. As formigas são muito trabalhadoras. Observa-la a construir a sua casa é algo de impressionante. E quando leva consigo o alimento? Pode transportar com cerca de 100 vezes mais do  que o seu peso. Era como se os humanos conseguissem transportar um carro com as suas mãos. 
Estupendo. Imagine-se uma formiga destas. Que tem um potencial imenso. Um força brutal. Uma formiga que teria como anseio ter todas as formigas do mundo a trabalhar para si. Ser dona e detentora de todas as formigas. Sonha um reino só seu. Um reino onde todas as formigas a contemplassem, adorassem, e a coroassem de grandeza. Grandeza que afinal todas as outras formigas também possuem. A formiga não sabia ter este sonho. O de ser a rainha do reino das formigas. Se lhe dissessem ela até ia ficar espantada. Mas no fundo, tudo o que fazia, fazia-o como quem quer ter um reino só seu, maior que todos os reinos. Aliás, ela queria que só houvesse um reino. O dela. E logo ela que nem se conseguia gerar a si própria. É minúscula e quer que haja um só reino que tenha o seu nome. Ainda que se aperceba que não é a responsável pela existência de todas as outras formigas. Queria um reino só seu, apesar de se aperceber que um outro reino do tamanho do infinito, existia, e não era dela. Pobre formiga. 
Reino. Chega a ser patético pensar construir um reino só nosso. Ridículo.  Que dimensão teria? Quantas pessoas eram precisas? Seria um reinozito com as centenas de pessoas que conhecemos? Ou teria  todas as pessoas do mundo? Para quê? Para que é que queríamos um reino destes? Teríamos capacidade para o governar? Temos imenso potencial de facto. Uma força brutal. Mas não. Não podíamos sustentar um único reino, só nosso. E o engraçado é que  “quando não estamos a construir o reino de Deus estamos a construir o nosso reino” (José T. Mendonça). Assim, se tudo o que fazemos, tudo o que pensamos, não tiver em vista a colaboração na construção do reino de Deus, estaremos a construir o nosso reino. Ou o reino de outra pessoa até. Assim como a formiga, que no fundo no fundo sonhava em ter um reino só seu e tudo o que fazia, fazia-o a pensar no seu poder. Pobre formiga.

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